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domingo, 12 de outubro de 2014

GESTORES DA PT SÃO ESPECIALISTAS NA COMPRA DE PRÉMIOS INTERNACIONAIS

Um exemplo chocante de destruição de valor” e de uma gestão “capturada por interesses próprios e por interesses particulares de um acionista” e “submissa a interferência políticas”. “Um exemplo muito, muito mau” de uma cultura empresarial dominada por gestores com “estatuto de  inimputabilidade”, que são “especialistas na compra de prémios internacionais” e apresentados como “gurus da gestão” sem nunca terem dado provas. As palavras de António Pires de Lima sobre o que se passou na PT são duras e têm vários alvos. O ministro da Economia, que já no verão, quando se soube do investimento de €900 milhões da PT na Rioforte, tinha criticado os gestores da empresa, vai agora muito mais longe, apresentando a PT como o exemplo de más práticas que não podem ser repetidas e do que não pode ser a cultural empresarial portuguesa. Porque, explica, “separar o trigo do joio, dizer o que são as boas práticas e censurar as más, é um trabalho que também compete ao Governo”.
Nas declarações que fez ao Expresso, já depois da notícia da demissão de Zeinal da Oi, Pires de Lima nunca refere o nome do homem que dirigiu a PT desde 2008. Nem Bava nem Henrique Granadeiro são nomeados. Percebe-se que é uma opção: ao ministro da Economia interessam menos as pessoas e mais o tipo de gestão que representam e a herança que deixam.
Sobre essa herança, Pires de Lima não se alonga: “O mal está feito e agora,  destes destroços da PT, há de se fazer o que se puder, mas não há de ser igual àquilo que a PT já foi.” O governante  admite que “é improvável” que surja uma solução para a empresa ficar em mãos portuguesas, “mas também já era improvável nesta fusão com os brasileiros, como se percebeu rapidamente” (abre parêntesis: “É chocante que há uns anos se tenha questionado tanto a possibilidade de a PT ser comprada pelo grupo Sonae, que fez uma OPA valorizando a empresa €10 mil milhões, ou até ser integrada na Telefónica, para hoje vermos a PT terminar a ser alvo de empresas internacionais com projetos que não têm comparação com aqueles que se prefiguravam há uns anos”).
Resumo da história: “As perspetivas que a PT possa ter pela frente não terão comparação com as que existiam antes, mas compete aos acionistas escolherem o caminho. Eu não sou um governante socialista que vá dar palpites à PT sobre o que deve fazer,como no passado aconteceu com José Sócrates.” (Segundo parêntesis: “O momento fatal para a PT”, diz Pires de Lima, “foi o Governo de José Sócrates só ter acedido à venda da Vivo pela compra, a um preço exorbitante, da Oi, que era uma empresa de terceira classe. Esse movimento destruiu muito valor e, segundo se sabe, foi uma exigência direta de Sócrates.” E fica na mesa o primeiro de dois nomes que o governante traz à liça como corresponsáveis  pelo que aconteceu na PT. O segundo será Ricardo Salgado.)
Pires de Lima considera que o fundamental é separar o trigo do joio e enterrar os modelos de gestão tipo Bava/Granadeiro. “Para mim, o importante, porque isto não é um caso único na economia nacional, é o sentido maior de exigência que deve incidir na gestão das grandes empresas. O que eu quero é usar este mau exemplo da PT para que exemplos destes não se repitam na cultura empresarial portuguesa.”
Aprender com a lição que, segundo o governante, se conta assim: “A evolução da PT é o exemplo acabado e chocante de destruição de valor numa grande empresa nacional, que perdeu mais de 85% daquilo que era, como consequência da gestão ter sido capturada por interesses próprios e  interesses particulares de um acionista, e ter sido extraordinariamente submissa a interferências políticas completamente irracionais do ponto de vista económico.”
Para o ministro da Economia, “é importante que este modelo — que só é possível com cumplicidades políticas, com captura de interesse de acionistas por gestores — seja censurado e não seja repetido, caso contrário torna-se muito difícil atrair investimento internacional de qualidade para Portugal. Para que a economia portuguesa tenha capacidade de atrair investimento, é fundamental que os gestores sejam qualificados e funcionem em função de uma agenda alinhada com os acionistas, e não de agendas próprias. Que funcionem mais na base de produzir resultados que possam ser quantificados através das demonstrações anuais de resultados, do que tornando-
se especialistas na compra de prémios internacionais que não têm correspondência com os resultados reais da empresa.” Sim, a referência à “compra de prémios internacionais” tem um nome, e Pires de Lima nem precisa de o dizer, pois não há quem não saiba que Bava foi várias vezes escolhido como o melhor CEO europeu do sector de telecomunicações.
“Acho que vale a pena fazer a radiografia de tudo o que se passou na PT”, diz Pires de Lima. Que faz o seu raios-X: “As figuras mais altas da PT sobreviveram com uma aura de prestígio, apesar de a empresa se desvalorizar todos os anos 20% e 30%. Isto foi possível graças a muita falta de exigência, ou cumplicidade, entre núcleos de acionistas e os gestores. E também à custa de falta de exigência na comunicação social e nos agentes que acompanham estas empresas, porque não é natural que uma empresa se tenha degradado, com a mesma equipa de gestão, durante tantos anos, sem que tivessem soado sinais de alerta.” Um sintoma, diz, de “uma cultura empresarial que continuamos a ter em Portugal, na qual muitas vezes é conferido aos gestores um estatuto de quase intocabilidade. Sr. doutor para aqui, Sr. engenheiro para ali, ene mordomias, um tratamento acrítico da comunicação social. Eu vim desse mundo, eu conheço-o. E geram-se com grande facilidade em Portugal gurus da gestão que, realmente, de gerir e de criar valor em empresas nunca deram provas.”
Os analistas financeiros também não escapam. “Qualquer bom analista financeiro consegue perceber como se destruiu este valor na PT em oito anos e consegue identificar as decisões de gestão e de carácter político que tiveram interferência nesta destruição de valor, bem como estas últimas decisões inexplicáveis, em que de repente se percebeu que a comissão executiva da PT estava prisioneira, capturada, dos interesses de Ricardo Salgado”, diz o ministro da Economia.
O que pode ser feito agora? “Há modelos de governação que são privilegiados pelas empresas cotadas em bolsa, e que devem ser exaltados, há analistas financeiros que deveriam ter cumprido o seu papel, há auditores que devem fazer ouvir a sua voz de forma firme. E também não acho mal que o Governo, mais do que andar a forçar empresas a fazer o negócio A, B ou C, para depois ir inaugurar sedes e fazer disso momentos políticos, procure estabelecer padrões de governação que funcionem como censura a estes casos e aplauso aos que funcionam de outra maneira.”
No roadshow que tem feito desde há um ano para captação de investimento para Portugal, Pires de Lima diz que tem sido confrontado com muitas perguntas sobre o BES e a PT. E que essa tem sido a oportunidade para responder que “sim, esses casos não correram bem, mas temos 18 casos no nosso principal mercado de capitais que correm bem e que são geridos com boas regras de governação”.
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sábado, 11 de outubro de 2014

A GRANDE ILUSÃO

Correu o pano. António Costa ganhou o PS com uma maioria confortável e os socráticos às cavalitas. Prometeu na noite do apeamento de Seguro que há-de reconduzir o povo socialista ao poder, saudado à volta por gente de punho erguido à maneira antiga.
Com uma frase estudada, para consumo mediático, advertiu: “Este é o primeiro dia de uma nova maioria de governo. É o primeiro dia dos últimos dias deste Governo”. Depois, falou sem grandeza de alma, nem uma palavra ao adversário vencido. Ficou tudo dito sobre a unificação do PS.
Antes, num painel organizado pela RTP, perante um frouxo Nuno Morais Sarmento, viu-se José Sócrates compor a pose de comentador para dizer o contrário do que pensava: que a vitória cabia por inteiro ao mérito de Costa, sem que ele - e os históricos - tivessem contribuído para isso. Não se esqueceu, contudo, de enfatizar que votara nele.
Foi o prelúdio. Desfilariam, depois, nos vários espaços televisivos, eufóricos, alguns dos seus antigos e mais dilectos colaboradores no Governo. Desejosos de saírem da sombra.
Ao conquistar o poder partidário, António Costa trouxe Sócrates agarrado à lapela. Não adianta escamoteá-lo, como se verá em breve.
De facto, nas suas divagações pela Quadratura do Círculo, o ainda autarca de Lisboa esmerou-se na reverência contemplativa, sem nunca criticar o galopante desvario que empurrou o país para o desastre, impondo um resgate que é o cerne da austeridade.
Mas a memória é curta. Para o cidadão - activo ou pensionista - castigado pela dureza dos cortes, a culpa é do Governo que está.
Meticulosamente, José Sócrates encontrou na RTP o meio permissivo para branquear o passado. Costa precisará que ele prossiga assim, desmemoriado, para cavalgar o descontentamento até às legislativas, sem sequer exorcizar os desmandos da governação socialista.
Na encenação dos três episódios da novela, a que se prestaram as televisões nestas primárias, mais do que um conflito de personalidades, assistiu-se, em directo, à incapacidade de ambos os contendores para debaterem o presente ou pensarem o futuro do país. Nem uma palavra útil.
Entre as acusações pessoais e a esgrima de florete, somaram-se as narrativas redondas e a mais completa vacuidade. Nem uma ideia redentora.
Percebeu-se - excepto para quem engana a realidade - que nenhum deles estava preparado para ser primeiro-ministro.
Se Costa algum dia lá chegar, não tardará a desiludir, caindo do mítico altar onde o colocaram. A ficção tem o seu prazo de validade. E o peso da dívida do Estado, mesmo com a benevolência externa, imporá as suas leis a qualquer Governo.
Até lá, Passos Coelho precisa de libertar-se da Tecnoforma e de outras armadilhas que lhe lançaram aos pés e envenenaram o ambiente.
É curioso que, no espaço de uma semana - e na ressaca de uma carta anónima -, haja dito, por duas vezes, primeiro no Parlamento, depois diante do Conselho Nacional do PSD, que estará a ser vítima de pessoas “influentes”, por não ter cedido a interesses poderosos. Admitiu mesmo ter recebido um “mensageiro” que lhe prenunciou a queda próxima do seu Governo, por se ter metido com determinada pessoa…
Não fala em “campanha negra”, nem nos “pistoleiros do costume”, ao jeito de Sócrates, mas é irresistível a comparação do 'caso Tecnoforma' com o 'caso Freeport', envolvendo ambos denúncias em carta anónima.
O recurso a cartas anónimas, por natureza um acto cobarde - como é, também, o anonimato nos sites e na blogosfera - constituem uma das idiossincrasias do ser português. Os media, contudo, ora as desprezam, ora as valorizam. Depende.
A carta anónima tanto pode ser tratada como um papel apócrifo e conspirativo, como se viu no Freeport - a merecer a reprovação indignada do então bastonário Marinho Pinto -, como causar estranheza o facto de a PGR ter sido expedita a arquivar a Tecnoforma.
A traição, a denúncia e a espectacularização mediática da suspeita ganharam ultimamente um novo alento.
O certo, porém, é que , como por milagre, apagou-se nos media o 'caso BES' e o colapso do grupo Espírito Santo - com ondas de choque dramáticas que hão-de chegar mais cedo do que se pensa.
Enquanto se aguardam as conclusões das auditorias forenses pedidas pelo BdP, caiu um enorme silêncio sobre as investigações do Ministério Público.
Alguém se lembra ainda da acusação feita pelo governador, em Agosto, de que “o Grupo Espírito Santo, através das entidades não financeiras não sujeitas a supervisão do Banco de Portugal, desenvolveu um esquema de financiamento fraudulento entre as empresas do grupo”?
A tempestade financeira adivinha-se, mas, no seu retiro no Estoril, Ricardo Salgado saiu do olho do furacão. Com o PS dividido e o PSD inquieto, a grande ilusão promete continuar. O filme só está no princípio.
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Diniz de Abreu in "SOL"
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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

PRESIDENTES ?

Em 1911, a Assembleia Constituinte da República resolveu que iria passar a ser a primeira assembleia legislativa do regime. Nada a autorizava a isso, mas ninguém se importou. Afonso Costa não tinha ainda tomado conta do partido “histórico”, que fizera o 5 de Outubro, e meia dúzia de facções andavam em guerra para eleger—no Parlamento e no Senado—o seu Presidente.
Escolheram Arriaga, um velho meio senil e pouco esperto, supondo que ele não incomodaria ninguém. Coisa em que, de resto, se enganaram. Antes de se demitir, à força claro, andou aos trambolhões de uma ilegalidade para a outra e acabou por estabelecer uma ditadura militar, depressa varrida pela Carbonária e pelos bombistas de Afonso Costa. Bernardino Machado substituiu Arriaga, com a duvidosa legitimidade dessa zaragata.
Depois de Bernardino veio Sidónio Paes (em 1917) também trazido por uma insurreição da tropa. Sidónio revogou a Constituição de 1911, inventou outra mais conveniente à sua situação e à sua política e convocou eleições directas para a Presidência da República. Ganhou por à volta de 500.000 votos, num clima que roçava o terror. Não lhe serviu de muito. Em 1918 foi morto na estação do Rossio por um admirador de Afonso Costa. Por uns tempos, durante a guerra civil de 1919, Canto e Castro, um monárquico convicto, designado pelo governo, conseguiu manter a ficção de que a República existia. Mas quando se restaurou um mínimo de ordem, e prudentemente mudada a Constituição, o Parlamento e o Senado alçaram António José de Almeida, um demagogo de feira, à Presidência para acalmar a balbúrdia e conciliar a direita. O “António José”, como lhe chamavam, assistiu à tortura e ao assassinato do seu primeiro-ministro e cumpriu o seu mandato até ao fim, uma façanha de que se gabou muito.
Para substituir esta personagem, o estado-maior do Partido Democrático (palavra de honra!) chamou Manuel Teixeira Gomes, pedófilo, diplomata e escritor, que não aguentou os sobressaltos de Lisboa e se refugiou nos costumes mais brandos da Argélia francesa. No lugar dele reapareceu o indestrutível Bernardino, de que o 28 de Maio em definitivo livrou a Pátria. Os sucessivos chefes da Ditadura não tinham nem de facto, nem de direito a menor semelhança com um presidente da República. Como a não tiveram os protegidos de Salazar (Carmona, Craveiro Lopes, Tomás). Só Eanes, Soares, Sampaio e Cavaco merecem o nome. E, a propósito, não se percebe o que sucedeu à nossa tresloucada Assembleia da República para lhe sair do crânio a ideia eminentemente imbecil de uma exposição de bustos (dizem que horríveis) dos nossos “presidentes”. Inconsciência? Ignorância? Ou simples prazer de gastar o dinheiro do Estado?
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domingo, 5 de outubro de 2014

CONVIDADOS PARA JANTAR, PROIBIDOS DE COMER 

1. Um leitor destas crónicas lamenta a minha perda de tempo com assuntos de moral familiar e, em particular, com a discutida participação dos católicos divorciados recasados na comunhão eucarística. As próprias expectativas de mudança, no próximo Sínodo dos Bispos, são o resultado da preguiça católica em pensar pela própria cabeça. Andar a pedir ordens ao clero é infantilismo cultivado. Cada católico deve ser tutor de si próprio. Eu deveria limitar-me a recordar a célebre resposta de I. Kant (de 1784) à pergunta: o que é o iluminismo?
A resposta é conhecida: “O iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria, se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem. Sapere aude [1]! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento. Eis a palavra de ordem do iluminismo”.
Recordou me ainda que o Vaticano II (1962-1965) foi o começo de uma clara escuta de alguns ecos da modernidade, há muito esquecidos: a consciência como primeira instância moral (GS 16); a declaração sobre a liberdade religiosa (Dignitatis Humanae), destacando que a própria objectividade da verdade moral “não se impõe de outro modo senão pela sua própria força, que penetra nos espíritos de modo ao mesmo tempo suave e forte” (n. 1).
Inteiramente de acordo, mas vamos por partes. Kant tem razão: a recusa preguiçosa de cada pessoa se servir do próprio entendimento e andar sempre a recorrer a um “director de consciência” é um exercício de infantilismo e, por outro lado, uma atitude obscurantista de quem alimenta essa dependência. No entanto, seria igualmente infantil não alimentar o próprio entendimento com as investigações dos outros. O culto da autoignorância para ser dono das suas decisões éticas, é uma parvoíce. Somos seres de relação em todas as dimensões. Não somos apenas responsáveis diante da nossa consciência, mas também pela consciência que podemos ter do nosso mundo e do mundo dos outros.

2. Louis Dingemans (1922-2004), sociólogo e teólogo, era um dominicano belga que aprofundou, com um grupo de trabalho interdisciplinar, a situação eclesial dos divorciados recasados [2].
Para a validade de uma celebração católica do casamento sempre foi exigido o consentimento livre dos esposos e, como dizia Kierkegaard, o amor nunca é tão grande como quando se assume como um dever recíproco. A multiplicidade de uniões infelizes e divórcios, a fragilidade dos amores humanos ainda não conseguiram estancar o sonho e o desejo de muitas pessoas se aliarem para construírem uma história comum, que não esteja dependente dos humores de cada dia. Encontram-se até pessoas “pouco praticantes” que pedem para se casar pela Igreja e não é apenas pelas fotografias. Como diz L. Dingemans, parece que têm uma vaga percepção de que o casamento, sendo uma loucura, precisa do Deus do Evangelho, protector dos loucos, sentindo que todo o verdadeiro amor é de origem divina.
Muito ou pouco praticantes, por culpa ou sem culpa de um ou de ambos, o facto é que existem rupturas sem remédio. Surgem, depois, novas uniões. Pondo de lado a leviandade e os caprichos de muitos casos, também existem divorciados recasados que nesses processos complicados aprofundaram e redescobriram a sua fé, que desejam alimentar.
Como já vimos em artigos anteriores, não são católicos excomungados. Pelo contrário, são convidados a participar na vida da Igreja e a frequentarem a Eucaristia. Mas são proibidos de comungar: convidados para uma refeição e impedidos de comer. À primeira não se entende esta incongruência e à segunda, ainda menos. Invoca-se um estado permanente de violação da aliança matrimonial. Razão apresentada: existe uma contradição objectiva de ordem simbólica, pois a aliança entre Deus e a Humanidade, entre Cristo e a sua Igreja é actualizada pelo laço entre marido e mulher. O autor citado mostra, de forma analítica, que este é um argumento falacioso. Deus é sempre fiel, mas os seres humanos não são Deus. Podem falhar e a misericórdia de Deus nunca falha.

3. É bom não esquecer uma oração da missa do domingo passado: Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e vos compadeceis, derramai sobre nós a vossa graça.
O Papa Francisco, que tem muita graça em receber a graça de Deus, resolveu, na audiência geral do passado dia 10, propor que a Igreja, em todas as suas expressões, seja uma escola da misericórdia. Não estávamos habituados. Era mais associada a um ministério com tribunais
lentos e sem piedade.

[1] Atreve-te a pensar
[2] Cf. dossier Chrétians qui sont dévorcés et remariés, Centre Dominicain de Froismont, Bélgica ; Louis Dingemans, Mariage et alliance. L’ambiguïté d’un symbole, Rev. Lumière et Vie, n 206 (1992), pg 25-38 ; Jesus face au divorce,

Racine|Fidélité, 2004
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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

CARTA DO VASCO

Cara Sra. Procuradora Geral da República

Depois de ler a entrevista de Fernando Madeira, ex-dono da Tecnoforma, à revista Sábado, venho por este meio denunciar alguns dados que serão certamente relevantes para as investigações que o Ministério Público está a fazer, nomeadamente sobre a ligação de Pedro Passos Coelho à Tecnoforma entre 1997 e 2001.
Na altura, o sr. Passos Coelho foi efetivamente pago para presidir ao Centro Português para a Cooperação, a ONG criada pela Tecnoforma para conseguir projectos de formação profissional financiados por entidades públicas como a Comissão Europeia. Todos os meses, durante cerca de 3 anos, o Sr. Passos Coelho, que era deputado em exclusividade do PSD em exclusividade de funções, recebeu mensalmente mil contos (cerca de 5 mil euros) através de pagamentos em cheque e sobretudo de transferências bancárias.
O pagamento foi acertado entre ele e o Sr. Fernando Madeira, com a intermediação do advogado João Luís Gonçalves, ex-Secretário Geral da JSD (quando Passos Coelho era o líder dos jotinhas) e também um dos directores do CPP presidido por Passos Coelho. O advogado João Luís também era pago mensalmente com 500 contos (2500 euros) para fazer parte do Centro Português de Cooperação.
Os pagamentos mensais ao sr. Passos Coelho foram concretizados através das contas bancárias da empresa Tecnoforma e da empresa Liana (que pertencia ao então grupo Tecnoforma), cujas contas bancárias estavam sedeadas nos bancos Totta & Açores (hoje banco Totta Santander), BCI (Banco de Comércio e Indústria) e BCP, para a conta conjunta d Passos Coelho que estava aberto no banco Totta & Açores (Totta Santander), na dependência de Almada, na A. D. Nuno Álvares Pereira nº 80 (Pragal), onde ainda hoje se encontra.
No total, o sr. Passos Coelho recebeu dezenas de milhares de euros sem que tivesse alguma vez descontado ou declarado o que quer que seja às Finanças. O dinheiro saiu sempre da Tecnoforma / Liana, mas desconheço como é que isso foi justificado internamente nas contas das empresas.
Julgo, no entanto, que será fácil ao Ministério Público conseguir esses dados através da identificação das respectivas movimentações financeiras das referidas contas bancárias e do cruzamento desses dados com os relatórios e contas da Tecnoforma e do próprio Centro Português para a Cooperação.
A contabilidade da Tecnoforma e do Centro Português para a Cooperação estava a cargo do contabilista Dr. José Duro.
Sem mais espero que se faça justiça para o bem da nossa sociedade.

Vasco
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